Lisboa: Intimidades

Copyright António Rodrigues 2007

Lisboa: Intimidades

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Sentinela encorajado pela própria sombra

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Sentinelas em romaria

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Sentinelas de montanha

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Sentinelas num posto de telecomunicações

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PSD escolhe entre dois perdedores

A actual disputa pela liderança do PSD é uma espécie de luta fratricida por um carro sem rodas que ambos candidatos garantem pretender levar muito longe, por estradas bordoadas de paisagens bucólicas. Tanto Luís Filipe Menezes como Luís Marques Mendes esgrimem argumentos aparentemente profundos, ideias aparentemente substanciais, críticas aparentemente contundentes, mas o carro que ambos pretendem conduzir continua parado e aí vai ficar até que o tempo mude e haja umas rodas de prémio numas novas legislativas. A evolução da maior parte das sociedades democráticas tem demonstrado um dos grandes defeitos da democracia como sistema político, a tendência para diluir as diferenças ideológicas entre candidatos e entre partidos, resumindo a alternância política a um jogo de cansaço na relação entre a maioria e o partido que elegeu para governar a determinada altura. A política tornou-se ciclotímica: as mudanças periódicas de humor e de sentimentos do eleitorado orientam o sentido de voto que alterna maioritariamente entre os dois principais partidos do centro num jogo de castigo/recompensa psicológico que pouco tem a ver com escolhas de programas políticos. No que diz respeito à Europa comunitária, a tendência é ainda mais acentuada devido ao corpete económico imposto a cada um dos governos dos 27, mais apertado ainda para os pequenos países de economias mais débeis. Posto isto, o que temos dentro do PSD é a disputa de dois galos por um poleiro que irá permanecer à sombra de José Sócrates esta e outra legislatura (a não ser que ao primeiro-ministro lhe desse para se suicidar politicamente até ao fim deste mandato, o que parece pouco provável). Ou seja, temos a luta entre dois perdedores anunciados que procuram através da estridência parecer aquilo que não são: verdadeiras alternativas a Sócrates. É, por isso, que ninguém verdadeiramente com influência dentro do partido se chegou à frente para acentuar a imagem de cada um dos candidatos e é por isso que Marques Mendes irá ganhar as eleições de domingo. Para os barões do PSD, Marques Mendes é o líder ideal para queimar na oposição estéril a Sócrates, até que o balão deste se esvazie e o eleitorado, de humor cambiado, se preste a entregar de novo o governo aos sociais-democratas, nessa altura finalmente liderados por, quem sabe, Manuela Ferreira Leite.

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O romântico chamamento das cataratas

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Desde que os irmãos Lumiére filmaram em 1897 essa enorme massa de água a cair de 52 metros de altura que as Cataratas do Niagara fazem parte do imaginário romântico do mundo. O som estrondoso da água que abafa todos os outros ruídos em redor, a bruma permanente que se solta desses mais de 168 mil metros cúbicos que desabam a cada minuto, o duplo arco-íris que se forma nos dias mais límpidos de Verão, tudo se conjuga para compor o postal romântico das luas-de-mel desejadas.
A água baptiza romances, acentua belezas, envolve as conversas num constante estrondear, convida à felicidade, ingénua, que parece eterna. E nós, sentindo uma certa leveza invadindo-nos corpo e espírito, deixamo-nos ir, como se fôssemos crianças, no entusiasmo dessa água que ao cair faz um U gigante de 792 metros de espuma.
Existem três cataratas, no lugar onde o rio Niagara descobre um desnível na sua ligação entre os lagos Ontário e Erie: as duas americanas, menos imponentes, são direitas e a água cai de 21 a 34 metros de altura; do lado canadiano, a precipitação é feita em formato de semicírculo, daí o seu nome – cataratas ferradura (Canadian Horseshoe Falls).
Só nos últimos anos as autoridades canadianas apostaram forte na transformação de Niagara Falls, investindo em hotéis, casinos, museus de cera. No entanto, os túneis por trás das cataratas, uma das grandes formas de sentir o poder das águas (juntamente com a viagem no barco “Maid of the Mist” – Donzela da Bruma), foram terminados no princípio do século XX.
Apesar de Toronto (para onde se pode viajar em voos directos desde Portugal pela SATA ou Air Canada) ficar apenas a 120 quilómetros, foram os americanos quem melhor soube tirar partido das cataratas como atracção turística e quem mais contribuiu para as transformar num dos mais conhecidos símbolos românticos do mundo.

No filme mais famoso que Hollywood produziu com as cataratas como paisagem, “Niagara”, de Henry Hathaway, Marilyn Monroe canta “Kiss” de vestido cor-de-rosa e grandes argolas douradas nas orelhas enquanto planeia assassinar o marido (Joseph Cotten) para ficar com o amante (Max Showalter).
Um filme romântico até à tragédia, onde percebemos como a beleza de Marilyn tinha força até para aguentar o embate com os célebres impermeáveis amarelos usados pelos turistas em Niagara. Esse beijo de uma Marilyn tapada até aos cabelos, molhada pelas águas que caem ao fundo, é uma das grandes cenas que o cinema americano já produziu.
Desde o beijo adúltero de Marilyn Monroe e Max Showalter em 1953, as cataratas já recuaram vários metros. A acção corrosiva de tanta água a cair chegou a “comer” mais de um metro de terreno por ano, hoje, com a acção das barragens e o controlo do caudal do rio Niagara, essa erosão está reduzida a uma média de 30 centímetros anuais.
Formadas há dez mil anos depois da glaciação, as cataratas, que receberam o nome da expressão dos índios iroqueses “trovoada de águas”, estão hoje a muitos quilómetros de distância da sua posição original.
Situadas na fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, com duas cidades Niagara Falls de ambos os lados, as cataratas ficam apenas a 32 quilómetros de Buffalo (EUA) e a menos de um dia de distância de automóvel dos principais centros urbanos do leste americano: Nova Iorque (767 quilómetros), Washington (683), Filadélfia (683), Detroit (417), Boston (800) ou Chicago (933). Texto originalmente publicado no jornal "24 Horas"

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António Costa e o Parque Mayer

Como é que se pode dizer, sem pestanejar, sem perder um minuto a pensar na enormidade do que se está a dizer, que o projecto de Frank Gehry para o Parque Mayer já não serve para nada, “está datado e ultrapassado”. Mas foi isso que fez o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, ao dizer que os 2,5 milhões de euros pagos pela autarquia ao arquitecto norte-americano foram gastos para nada. Estamos a falar de 2,5 milhões de euros! É certo que a principal culpa da história é de Pedro Santana Lopes, esse irresponsável narcísico conhecedor de violinos do Chopin que é incapaz de ter uma ideia que não possa ser usada para fins de propaganda. Mas, que raios, não há nada no projecto de O. Gehry, que até não é um arquitecto qualquer, que possa ser aproveitado como base para a revitalização do Parque Mayer?! Será mesmo preciso outro concurso de ideias que corre o risco de nunca sair do papel – o sucessor de António Costa poderá achar que é coisa ultrapassada – para trazer de novo a vida àquele canto da Avenida da Liberdade? O actual presidente da câmara não tem culpa dos erros grosseiros dos seus sucessores – quanto muito tem os eleitores lisboetas que colocaram à frente dos destinos da cidade um homem a quem nunca comprariam um carro em segunda mão – mas deveria tentar remediar os efeitos aproveitando o aproveitável e não usando a habitual solução da terra queimada. Quanto ao senhor que fez perder 2,5 milhões de euros do Gehry e mais outros tantos milhões por um túnel que não lembrava ao diabo, esperemos que pelo menos politicamente esteja morto e enterrado. Mas é por estas e por outras que deveria haver responsabilidade criminal pela malversação de dinheiros públicos. Haveria menos Santana Lopes a pensar em projectos megalómanos para ostentar no seu currículo político e mais responsabilidade pessoal nas decisões tomadas. Quantos autarcas estragaram a paisagem deste país e estouraram milhões e milhões do dinheiro que não lhes pertencia para fazerem obras de engalanar o seu ego ou de encher bolsos? E isto sem que a lei lhes pudesse tocar. As decisões políticas também deveriam ser escrutinadas pelos tribunais e não só irem a votos de vez em quando.

Um café de Lisboa

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el camino (décima quinta)

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el camino (décima quarta)

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