PSD escolhe entre dois perdedores
A actual disputa pela liderança do PSD é uma espécie de luta fratricida por um carro sem rodas que ambos candidatos garantem pretender levar muito longe, por estradas bordoadas de paisagens bucólicas. Tanto Luís Filipe Menezes como Luís Marques Mendes esgrimem argumentos aparentemente profundos, ideias aparentemente substanciais, críticas aparentemente contundentes, mas o carro que ambos pretendem conduzir continua parado e aí vai ficar até que o tempo mude e haja umas rodas de prémio numas novas legislativas. A evolução da maior parte das sociedades democráticas tem demonstrado um dos grandes defeitos da democracia como sistema político, a tendência para diluir as diferenças ideológicas entre candidatos e entre partidos, resumindo a alternância política a um jogo de cansaço na relação entre a maioria e o partido que elegeu para governar a determinada altura. A política tornou-se ciclotímica: as mudanças periódicas de humor e de sentimentos do eleitorado orientam o sentido de voto que alterna maioritariamente entre os dois principais partidos do centro num jogo de castigo/recompensa psicológico que pouco tem a ver com escolhas de programas políticos. No que diz respeito à Europa comunitária, a tendência é ainda mais acentuada devido ao corpete económico imposto a cada um dos governos dos 27, mais apertado ainda para os pequenos países de economias mais débeis. Posto isto, o que temos dentro do PSD é a disputa de dois galos por um poleiro que irá permanecer à sombra de José Sócrates esta e outra legislatura (a não ser que ao primeiro-ministro lhe desse para se suicidar politicamente até ao fim deste mandato, o que parece pouco provável). Ou seja, temos a luta entre dois perdedores anunciados que procuram através da estridência parecer aquilo que não são: verdadeiras alternativas a Sócrates. É, por isso, que ninguém verdadeiramente com influência dentro do partido se chegou à frente para acentuar a imagem de cada um dos candidatos e é por isso que Marques Mendes irá ganhar as eleições de domingo. Para os barões do PSD, Marques Mendes é o líder ideal para queimar na oposição estéril a Sócrates, até que o balão deste se esvazie e o eleitorado, de humor cambiado, se preste a entregar de novo o governo aos sociais-democratas, nessa altura finalmente liderados por, quem sabe, Manuela Ferreira Leite.
O romântico chamamento das cataratas
Copyright António Rodrigues 2007
Desde que os irmãos Lumiére filmaram em 1897 essa enorme massa de água a cair de 52 metros de altura que as Cataratas do Niagara fazem parte do imaginário romântico do mundo. O som estrondoso da água que abafa todos os outros ruídos em redor, a bruma permanente que se solta desses mais de 168 mil metros cúbicos que desabam a cada minuto, o duplo arco-íris que se forma nos dias mais límpidos de Verão, tudo se conjuga para compor o postal romântico das luas-de-mel desejadas.
A água baptiza romances, acentua belezas, envolve as conversas num constante estrondear, convida à felicidade, ingénua, que parece eterna. E nós, sentindo uma certa leveza invadindo-nos corpo e espírito, deixamo-nos ir, como se fôssemos crianças, no entusiasmo dessa água que ao cair faz um U gigante de 792 metros de espuma.
Existem três cataratas, no lugar onde o rio Niagara descobre um desnível na sua ligação entre os lagos Ontário e Erie: as duas americanas, menos imponentes, são direitas e a água cai de 21 a 34 metros de altura; do lado canadiano, a precipitação é feita em formato de semicírculo, daí o seu nome – cataratas ferradura (Canadian Horseshoe Falls).
Só nos últimos anos as autoridades canadianas apostaram forte na transformação de Niagara Falls, investindo em hotéis, casinos, museus de cera. No entanto, os túneis por trás das cataratas, uma das grandes formas de sentir o poder das águas (juntamente com a viagem no barco “Maid of the Mist” – Donzela da Bruma), foram terminados no princípio do século XX.
Apesar de Toronto (para onde se pode viajar em voos directos desde Portugal pela SATA ou Air Canada) ficar apenas a 120 quilómetros, foram os americanos quem melhor soube tirar partido das cataratas como atracção turística e quem mais contribuiu para as transformar num dos mais conhecidos símbolos românticos do mundo.
A água baptiza romances, acentua belezas, envolve as conversas num constante estrondear, convida à felicidade, ingénua, que parece eterna. E nós, sentindo uma certa leveza invadindo-nos corpo e espírito, deixamo-nos ir, como se fôssemos crianças, no entusiasmo dessa água que ao cair faz um U gigante de 792 metros de espuma.
Existem três cataratas, no lugar onde o rio Niagara descobre um desnível na sua ligação entre os lagos Ontário e Erie: as duas americanas, menos imponentes, são direitas e a água cai de 21 a 34 metros de altura; do lado canadiano, a precipitação é feita em formato de semicírculo, daí o seu nome – cataratas ferradura (Canadian Horseshoe Falls).
Só nos últimos anos as autoridades canadianas apostaram forte na transformação de Niagara Falls, investindo em hotéis, casinos, museus de cera. No entanto, os túneis por trás das cataratas, uma das grandes formas de sentir o poder das águas (juntamente com a viagem no barco “Maid of the Mist” – Donzela da Bruma), foram terminados no princípio do século XX.
Apesar de Toronto (para onde se pode viajar em voos directos desde Portugal pela SATA ou Air Canada) ficar apenas a 120 quilómetros, foram os americanos quem melhor soube tirar partido das cataratas como atracção turística e quem mais contribuiu para as transformar num dos mais conhecidos símbolos românticos do mundo.
No filme mais famoso que Hollywood produziu com as cataratas como paisagem, “Niagara”, de Henry Hathaway, Marilyn Monroe canta “Kiss” de vestido cor-de-rosa e grandes argolas douradas nas orelhas enquanto planeia assassinar o marido (Joseph Cotten) para ficar com o amante (Max Showalter).
Um filme romântico até à tragédia, onde percebemos como a beleza de Marilyn tinha força até para aguentar o embate com os célebres impermeáveis amarelos usados pelos turistas em Niagara. Esse beijo de uma Marilyn tapada até aos cabelos, molhada pelas águas que caem ao fundo, é uma das grandes cenas que o cinema americano já produziu.
Desde o beijo adúltero de Marilyn Monroe e Max Showalter em 1953, as cataratas já recuaram vários metros. A acção corrosiva de tanta água a cair chegou a “comer” mais de um metro de terreno por ano, hoje, com a acção das barragens e o controlo do caudal do rio Niagara, essa erosão está reduzida a uma média de 30 centímetros anuais.
Formadas há dez mil anos depois da glaciação, as cataratas, que receberam o nome da expressão dos índios iroqueses “trovoada de águas”, estão hoje a muitos quilómetros de distância da sua posição original.
Situadas na fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, com duas cidades Niagara Falls de ambos os lados, as cataratas ficam apenas a 32 quilómetros de Buffalo (EUA) e a menos de um dia de distância de automóvel dos principais centros urbanos do leste americano: Nova Iorque (767 quilómetros), Washington (683), Filadélfia (683), Detroit (417), Boston (800) ou Chicago (933). Texto originalmente publicado no jornal "24 Horas"
Um filme romântico até à tragédia, onde percebemos como a beleza de Marilyn tinha força até para aguentar o embate com os célebres impermeáveis amarelos usados pelos turistas em Niagara. Esse beijo de uma Marilyn tapada até aos cabelos, molhada pelas águas que caem ao fundo, é uma das grandes cenas que o cinema americano já produziu.
Desde o beijo adúltero de Marilyn Monroe e Max Showalter em 1953, as cataratas já recuaram vários metros. A acção corrosiva de tanta água a cair chegou a “comer” mais de um metro de terreno por ano, hoje, com a acção das barragens e o controlo do caudal do rio Niagara, essa erosão está reduzida a uma média de 30 centímetros anuais.
Formadas há dez mil anos depois da glaciação, as cataratas, que receberam o nome da expressão dos índios iroqueses “trovoada de águas”, estão hoje a muitos quilómetros de distância da sua posição original.
Situadas na fronteira entre o Canadá e os Estados Unidos, com duas cidades Niagara Falls de ambos os lados, as cataratas ficam apenas a 32 quilómetros de Buffalo (EUA) e a menos de um dia de distância de automóvel dos principais centros urbanos do leste americano: Nova Iorque (767 quilómetros), Washington (683), Filadélfia (683), Detroit (417), Boston (800) ou Chicago (933). Texto originalmente publicado no jornal "24 Horas"
António Costa e o Parque Mayer
Como é que se pode dizer, sem pestanejar, sem perder um minuto a pensar na enormidade do que se está a dizer, que o projecto de Frank Gehry para o Parque Mayer já não serve para nada, “está datado e ultrapassado”. Mas foi isso que fez o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, ao dizer que os 2,5 milhões de euros pagos pela autarquia ao arquitecto norte-americano foram gastos para nada. Estamos a falar de 2,5 milhões de euros! É certo que a principal culpa da história é de Pedro Santana Lopes, esse irresponsável narcísico conhecedor de violinos do Chopin que é incapaz de ter uma ideia que não possa ser usada para fins de propaganda. Mas, que raios, não há nada no projecto de O. Gehry, que até não é um arquitecto qualquer, que possa ser aproveitado como base para a revitalização do Parque Mayer?! Será mesmo preciso outro concurso de ideias que corre o risco de nunca sair do papel – o sucessor de António Costa poderá achar que é coisa ultrapassada – para trazer de novo a vida àquele canto da Avenida da Liberdade? O actual presidente da câmara não tem culpa dos erros grosseiros dos seus sucessores – quanto muito tem os eleitores lisboetas que colocaram à frente dos destinos da cidade um homem a quem nunca comprariam um carro em segunda mão – mas deveria tentar remediar os efeitos aproveitando o aproveitável e não usando a habitual solução da terra queimada. Quanto ao senhor que fez perder 2,5 milhões de euros do Gehry e mais outros tantos milhões por um túnel que não lembrava ao diabo, esperemos que pelo menos politicamente esteja morto e enterrado. Mas é por estas e por outras que deveria haver responsabilidade criminal pela malversação de dinheiros públicos. Haveria menos Santana Lopes a pensar em projectos megalómanos para ostentar no seu currículo político e mais responsabilidade pessoal nas decisões tomadas. Quantos autarcas estragaram a paisagem deste país e estouraram milhões e milhões do dinheiro que não lhes pertencia para fazerem obras de engalanar o seu ego ou de encher bolsos? E isto sem que a lei lhes pudesse tocar. As decisões políticas também deveriam ser escrutinadas pelos tribunais e não só irem a votos de vez em quando.
A tristeza da stripper
Há um ovni nas noites da SIC Radical que tenta abduzir as mentes masculinas, levá-las para um planeta distante por meia hora e devolvê-las à terra reduzidas ao tamanho de uma ervilha em que a palavra sexo ocupa 90 por cento do espaço. O programa não é português, embora o seu baptismo nacional procure dar-lhe uma conotação de identificação primária com o verdadeiro macho lusitano: "Gostas Pouco Gostas". O nome, no entanto, ganha em busca psicológica de uma camaradagem instantânea entre seres que se regem pelos mesmos valores (o da importância da mulher como primeiro triângulo da existência humana: seio direito-seio esquerdo-vagina) o que perde da identificação literal em inglês: "Sexy Sport Clips". Porque, literalmente, "Gostas Pouco Gostas" mostra mulheres a fazerem strip-tease em recintos desportivos: campos de futebol, caixas de areia do salto em comprimento, kartódromos, hipódromos, balões, barcos de borracha em rios rápidos, etc., etc. Ou seja, o programa é do género matinée desportiva do Passerelle com todos os defeitos dos raios de sol. Imagine umas senhoras a despirem-se rapidamente para animar os intervalos do futebol ou os tempos mortos das provas do atletismo. O conceito é simples e poderia até resultar para os espectadores que pretendam apenas olhar para mulheres sem esquecer o futebol. Poderia resultar se a maioria das senhoras não tivesse a sensualidade de uma parede escura de cimento mal iluminada, não se movesse a passo de frete como quem não vê a hora de apanhar as poucas notas com que lhe acenam, não se despisse com a rapidez de um relâmpago e dançasse como se tivesse ancas enxertadas de uma paciente tetraplégica. "Gostas Pouco Gostas" exibe sem pudor mulheres de olhos tristes que nada mais parecem desejar que ganhar uns poucos cobres para alimentar os filhos ou a mãe doente e o pai alcoólico que deixaram em Kiev, em Sófia ou em Bucareste. Algumas não devem muito à beleza, na maioria são louras carregadas, exibem pulseiras nos tornozelos, tatuagens, seios operados e saltos altos, sempre saltos altos. Uma parte ainda sonha, a maioria vive pesadelos. "Gostas Pouco Gostas" é um programa triste que, em vez de aliviar, acentua a solidão do homem na grande cidade. E da mulher. E, vá-se lá por saber por que portas travessas, lembrei-me de Tsai Ming-liang. Já estreou "O Sabor da Melancia" e saiu em DVD "Não Quero Dormir Sozinho".
Dalai Lama, Sócrates e o pragmatismo
Quem critica tão veementemente o governo português pelo facto de não ter aceite receber oficialmente o Dalai Lama esquece-se que, à luz da sua forma de actuar politicamente, Sócrates e os seus ministros não podiam ter feito de outra maneira. O primeiro-ministro português é um socialista da estirpe de Tony Blair, ou seja, acredita que o exercício do poder é mais importante que a ideologia e, por isso, considera que confrontar o governo chinês é contraproducente para os seus interesses, mesmo que esses interesses possam misturar-se com os de um país que cometeu as mesmas ou piores barbaridades contra os tibetanos que os indonésios cometeram contra os timorenses. Tendo sempre em conta as enormes existentes entre os dois territórios (os tibetanos são etnicamente diferentes dos chineses e viram o seu país ser-lhe tirado das mãos; Macau era um território com uma população maioritariamente chinesa administrado por uma potência europeia), será que se os chineses tivessem invadido Macau, como invadiram o Tibete, o Portugal de Sócrates ou de Guterres, e de Cavaco Silva ou de Durão Barroso, teria fechado os olhos a essa acção contrária às leis internacionais e nunca teria tentado mobilizar a opinião pública internacional e as Nações Unidas para conseguir a autodeterminação dos macaenses como o fizeram em relação a Timor-Leste? Não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar que o exercício do poder é mais do que a mera gestão de interesses, sempre o foi e sempre será e, tendo em atenção essa gestão de interesses, está fora de questão enfurecer o governo de Pequim (violador comprovado e reiterado dos direitos humanos, sejam os de liberdade de expressão, de liberdade de associação política, de liberdade de associação religiosa, entre outros, e violador das leis internacionais, invadindo um país ou recorrendo sistematicamente à ameaça bélica e à chantagem política para manter Taiwan num limbo internacional há tantos anos). Portugal tem interesses em Angola, como a China, e os dois países andam à procura de estabelecer uma parceria estratégica que se estenda a outros países de África para melhor explorar os recursos do continente. Os chineses têm o poder económico e o dinheiro, mas carecem de maleabilidade cultural para se adaptarem ao pensamento, à cultura e aos hábitos dos africanos. Portugal falta-lhe em dinheiro e poder aquilo que possuem em termos de adaptação. Lisboa e Pequim parecem achar que é um casamento inevitável (made in heaven, como dizem os anglo-saxónicos). O engenheiro Sócrates abomina a ideologia, assim como qualquer questionamento das suas certezas (em relação a tudo ou quase tudo), o que gosta mesmo é de exercer o poder. No fundo, no fundo, o engenheiro Sócrates não viveria mal na China, teria é menos trabalho para a sua central de intoxicação informativa, já que por lá as coisas já se fazem assim há muitos anos e sem os pruridos legais que a democracia ainda lá vai conseguindo, a custo, manter. Foto publicada pelo China Daily aquando da visita de Sócrates à China - o interlocutor é o primeiro-ministro chinês Wen Jiabao.
A culpa é do sal
Um polícia deteve uma empregada de um McDonald's por alegadamente esta lhe ter servido um hamburguer salgado que lhe fez mal. A empregada, de 20 anos, teve de passar a noite na prisão, foi apresentada ao juiz no dia seguinte e este só a libertou mediante o pagamento de uma fiança de 1000 dólares. Tudo isto aconteceu em Union City, no estado norte-americano da Georgia, neste estranho mundo em que vivemos.
O Durão Cobarde ou o Cherne Medroso
Tal como os Presidentes da República ou os líderes das sociedades recreativas que escolhem o retrato que querem deixar na parede da história, José Manuel Durão Barroso já parece ter encontrado o cognome mais adequado à sua personalidade política que deixará como legado a este país: Durão Barroso, o Cobarde ou, para os mais próximos, o Cherne Medroso (por favor, cuidado na colocação do "r"). Depois de ter fugido de Portugal quando era primeiro-ministro, aproveitando o convite para presidente da Comissão Europeia (porque ninguém era tão politicamente inócuo para a Europa como o então primeiro-ministro português, o que permitia ultrapassar o impasse na escolha do sucessor de Romano Prodi) como tábua de salvação para a falta de ideias políticas na resolução dos problemas do país (atitude politicamente cobarde), Durão Barroso ainda teve o desplante de justificar a sua decisão porque era um orgulho para Portugal. Ora, a nacionalidade do presidente da Comissão Europeia (a não ser que estejamos a falar de um francês, alemão, britânico ou dos gémeos polacos) é pouco importante na forma como são tomadas as decisões na Europa dos 27. Passados estes anos, se a algum português serviu o facto do presidente da Comissão Europeia ser Durão Barroso foi ao próprio. Mas, já se sabe, ajudando uma pessoa estamos a ajudar o mundo. (Lembrei-me também que a única verdadeira vantagem que os outros dez milhões de portugueses conseguiram com a ida do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Aníbal Cavaco Silva para Bruxelas foi o de terem deixado de o ter como primeiro-ministro de Portugal.) Com o escândalo em torno dos 233 mil euros pagos pela empresa Somague em nome do PPD-PSD por um slogan merdoso (por favor, cuidado na colocação do "r"), Durão Barroso, na sua ideia de como se deve comportar um grande líder, rapidamente soltou a água do capote e disse não saber nada quem sabia era o secretário-geral do PPD-PSD na altura, 2001, José Luís Arnaut. Este, habituado a não servir de bode expiatório de ninguém, rapidamente se apressou a declarar que também não tinha nada a ver com o assunto, o culpado era o seu adjunto. O mesmo adjunto que sofreu um acidente vascular cerebral e não pode responder pelos seus actos. Ou seja, no fundo esse grande líder (um dia sonhou ser grande timoneiro, acabando por mudar o adjectivo com o tempo), esse homem a quem a mulher baptizou de cherne usurpando as palavras de O’Neill, esse homem que como presidente da Comissão Europeia garante estar a cumprir um papel para o engrandecimento de Portugal, não tem pejo em culpar um moribundo que trabalhava no partido que ele liderava para não ter de lidar com uma ilegalidade! Com líderes destes ainda temos coragem de criticar seja quem for?! No fundo, Durão limita-se a ser mais um numa longa linhagem de cobardes deste país.
"Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa..."
Alexandre O’Neill
P. S. "Não somos mais que solidão e mágoa..."
"Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa..."
Alexandre O’Neill
P. S. "Não somos mais que solidão e mágoa..."
Porta de entrada no submundo do Japão
A senhora tatuada em cima chama-se Shoko Tendo, tem 39 anos, e é filha de um yakuza e autora de um livro sobre o mundo secreto da máfia japonesa que recentemente foi traduzido para inglês com o título "Yakuza Moon". Aqui tem um texto da agência Reuters sobre o assunto. Foto: Kim Kyung-hoon (Reuters)
"Os imigrantes são a grande esperança das cidades"
Panorama da baixa de Toronto, cidade de imigrantes.
Foto: Rita Marques
Chama-se Manuel Delgado, antropólogo, catalão, e dono de uma visão sobre as cidades que não comunga com a maioria das ideias politicamente correctas, nomeadamente que as cidades ocidentais dependem dos imigrantes para não definharem. Vale a pena ler esta entrevista ao diário argentino "Página/12".
Citação: "Não existe uma planificação profunda das cidades, apenas da sua imagem, que tem como único destinatário os guias turísticos e os livros de grande arquitectura. As cidades estão construídas para serem fotografadas e não para serem habitadas. Qualquer pessoa que esteja contra essa vontade de ver um espaço pacificado, sossegado e previsível, qualquer pessoa que não esteja em condições de contribuir para essa paisagem, passará automaticamente a ser digna de exclusão."
Citação: "Os imigrantes são um factor de reabilitação extraordinário; estão a fazer reviver bairros inteiros que estavam em processo de degradação, embora a opinião publica maioritária se empenhe em convencer-nos que os imigrantes deterioram os bairros."
Citação: "Pois claro que há problemas, mas não os haveria se não estivessem os imigrantes? Estes problemas entre aspas são uma quota que vale a pena pagar porque o futuro das cidades depende dos imigrantes, gostemos ou não. Eu adoro, mas há gente que considera isso problemático."
Miquel Barceló, artista africano
Miquel Barceló, numa imagem final da performance "Paso Doble", feita com o bailarino e coreógrafo Joseph Nadj para o Festival de Avignon de 2006 (musica e fotos da performance). Durante a sua passagem por Luanda pude entrevistá-lo, aqui poderá encontrar um resumo dessa conversa que se centrou na presença de Barceló na Bienal de Veneza como "artista africano" e figura central do pavilhão da Trienal de Luanda.
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