Tal como os Presidentes da República ou os líderes das sociedades recreativas que escolhem o retrato que querem deixar na parede da história, José Manuel Durão Barroso já parece ter encontrado o cognome mais adequado à sua personalidade política que deixará como legado a este país: Durão Barroso, o Cobarde ou, para os mais próximos, o Cherne Medroso (por favor, cuidado na colocação do "r"). Depois de ter fugido de Portugal quando era primeiro-ministro, aproveitando o convite para presidente da Comissão Europeia (porque ninguém era tão politicamente inócuo para a Europa como o então primeiro-ministro português, o que permitia ultrapassar o impasse na escolha do sucessor de Romano Prodi) como tábua de salvação para a falta de ideias políticas na resolução dos problemas do país (atitude politicamente cobarde), Durão Barroso ainda teve o desplante de justificar a sua decisão porque era um orgulho para Portugal. Ora, a nacionalidade do presidente da Comissão Europeia (a não ser que estejamos a falar de um francês, alemão, britânico ou dos gémeos polacos) é pouco importante na forma como são tomadas as decisões na Europa dos 27. Passados estes anos, se a algum português serviu o facto do presidente da Comissão Europeia ser Durão Barroso foi ao próprio. Mas, já se sabe, ajudando uma pessoa estamos a ajudar o mundo. (Lembrei-me também que a única verdadeira vantagem que os outros dez milhões de portugueses conseguiram com a ida do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Aníbal Cavaco Silva para Bruxelas foi o de terem deixado de o ter como primeiro-ministro de Portugal.) Com o escândalo em torno dos 233 mil euros pagos pela empresa Somague em nome do PPD-PSD por um slogan merdoso (por favor, cuidado na colocação do "r"), Durão Barroso, na sua ideia de como se deve comportar um grande líder, rapidamente soltou a água do capote e disse não saber nada quem sabia era o secretário-geral do PPD-PSD na altura, 2001, José Luís Arnaut. Este, habituado a não servir de bode expiatório de ninguém, rapidamente se apressou a declarar que também não tinha nada a ver com o assunto, o culpado era o seu adjunto. O mesmo adjunto que sofreu um acidente vascular cerebral e não pode responder pelos seus actos. Ou seja, no fundo esse grande líder (um dia sonhou ser grande timoneiro, acabando por mudar o adjectivo com o tempo), esse homem a quem a mulher baptizou de cherne usurpando as palavras de O’Neill, esse homem que como presidente da Comissão Europeia garante estar a cumprir um papel para o engrandecimento de Portugal, não tem pejo em culpar um moribundo que trabalhava no partido que ele liderava para não ter de lidar com uma ilegalidade! Com líderes destes ainda temos coragem de criticar seja quem for?! No fundo, Durão limita-se a ser mais um numa longa linhagem de cobardes deste país.
"Sigamos o cherne, minha amiga!
Desçamos ao fundo do desejo
Atrás de muito mais que a fantasia
E aceitemos, até, do cherne um beijo,
Senão já com amor, com alegria...
Em cada um de nós circula o cherne,
Quase sempre mentido e olvidado.
Em água silenciosa de passado
Circula o cherne: traído
Peixe recalcado...
Sigamos, pois, o cherne, antes que venha,
Já morto, boiar ao lume de água,
Nos olhos rasos de água,
Quando, mentido o cherne a vida inteira,
Não somos mais que solidão e mágoa..."
Alexandre O’Neill
P. S. "Não somos mais que solidão e mágoa..."
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