António Costa e o Parque Mayer

Como é que se pode dizer, sem pestanejar, sem perder um minuto a pensar na enormidade do que se está a dizer, que o projecto de Frank Gehry para o Parque Mayer já não serve para nada, “está datado e ultrapassado”. Mas foi isso que fez o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, ao dizer que os 2,5 milhões de euros pagos pela autarquia ao arquitecto norte-americano foram gastos para nada. Estamos a falar de 2,5 milhões de euros! É certo que a principal culpa da história é de Pedro Santana Lopes, esse irresponsável narcísico conhecedor de violinos do Chopin que é incapaz de ter uma ideia que não possa ser usada para fins de propaganda. Mas, que raios, não há nada no projecto de O. Gehry, que até não é um arquitecto qualquer, que possa ser aproveitado como base para a revitalização do Parque Mayer?! Será mesmo preciso outro concurso de ideias que corre o risco de nunca sair do papel – o sucessor de António Costa poderá achar que é coisa ultrapassada – para trazer de novo a vida àquele canto da Avenida da Liberdade? O actual presidente da câmara não tem culpa dos erros grosseiros dos seus sucessores – quanto muito tem os eleitores lisboetas que colocaram à frente dos destinos da cidade um homem a quem nunca comprariam um carro em segunda mão – mas deveria tentar remediar os efeitos aproveitando o aproveitável e não usando a habitual solução da terra queimada. Quanto ao senhor que fez perder 2,5 milhões de euros do Gehry e mais outros tantos milhões por um túnel que não lembrava ao diabo, esperemos que pelo menos politicamente esteja morto e enterrado. Mas é por estas e por outras que deveria haver responsabilidade criminal pela malversação de dinheiros públicos. Haveria menos Santana Lopes a pensar em projectos megalómanos para ostentar no seu currículo político e mais responsabilidade pessoal nas decisões tomadas. Quantos autarcas estragaram a paisagem deste país e estouraram milhões e milhões do dinheiro que não lhes pertencia para fazerem obras de engalanar o seu ego ou de encher bolsos? E isto sem que a lei lhes pudesse tocar. As decisões políticas também deveriam ser escrutinadas pelos tribunais e não só irem a votos de vez em quando.

2 comentários:

Anónimo disse...

gostei da pagina

Anónimo disse...

ta bonito